sexta-feira, dezembro 30, 2011

Valkíria

A Valkíria mora muito longe daqui. E eu acho isso bom, porque odeio ela. Claro, se eu quiser eu posso encontrá-la facilmente, e muitas vezes eu vou atrás dela para encher seu bumbum de palmadas. Mas agora eu não quero. Agora eu quero só contar minha história.

Eu a detesto porque um dia eu a amei muito. E em troca ela me manipulou, me usou, e acabou com minha vida. Já o pai dela é hoje o meu melhor amigo. E dizer que eu o odiava antes! Bem, se alguém ainda é capaz de amor nessa história é o pai dela. Mas que história, o leitor deve estar se perguntando. Bem, vamos contá-la.

Tudo começou quando eu vi Valkíria pela primeira vez. Ela ficava na janela de sua casa, olhando a rua, com tristeza... eu era só um carteiro que sempre via a moça triste olhando a janela. Eu era um carteiro caipira e muito bobo, e pensava muito naquela bela moça triste na janela.

Pois um dia eu entregava as cartas na casa dela e ela estava no portão. Então, ela aproveitou e pegou as cartas antes que eu as colocasse na caixa. Ela me agradeceu e entrou na casa. De perto, ela era ainda mais bonita. De noite, eu sonhei com ela. O começo da desgraça.

E por duas ou três semanas eu passei a encontrá-la todos os dias no portão. Eu entregava as cartas para a Valkíria, e sempre tinha vontade de conversar com ela. Mas eu nunca tinha coragem.

Até que um dia a Valkíria não apareceu no portão. Eu estranhei, mas coloquei as cartas na caixa. Por alguns dias, ela não apareceu. Depois, ela apareceu de novo, mas não ia até o portão, ficava triste na janela, olhando para rua, e eu me comovi ainda mais do que antes.

Então, ela voltou para o portão, a me esperar para pegar as cartas. Foi quando tivemos a primeira conversa.

- Oi moça, me desculpe, mas... qual o seu nome?
- Valkíria. E o seu?
- Chico. É que eu queria perguntar uma coisa...
- O que?
- É que... você parecia muito triste, olhando a rua da janela... eu queria saber o motivo, porque eu talvez possa fazer algo para ajudar... me desculpe a intromissão.
- Não, é que... a Valkíria baixou os olhos, envergonhada... desculpe, Chico, mas eu não quero falar nisso agora, desculpe...
- Tudo bem, Valkíria, eu que peço desculpas pela intromissão.

E ficou assim, eu ainda mais curioso e ainda mais apaixonado. A Valkíria é esperta, e eu achava ela uma pobre menina sofrida... como ela me enganou direitinho...

No dia seguinte, lá estava ela no portão. Com uma expressão triste, meio envergonhada, mas estava ela lá, pronta para receber as cartas. E no outro dia, e mais um outro, e outro... por umas duas semanas, mais ou menos, ela estava lá, pronta para pegar as cartas na minha mão.

E um dia, sumiu de novo. Por alguns dias, esteve sumida. Então, depois de uns dias, eu a vi novamente na janela. Ela olhava para o horizonte, triste, triste... eu, cada vez mais comovido, e cada vez mais envolvido, não conseguia pensar em nada que não fosse Valkíria. Ela estava em meus sonhos, em minhas visões, em meus delírios. Então, novamente ela voltou ao portão para pegar as cartas na minha mão, e tivemos a segunda conversa.

- Oi Valkíria.
- Oi...
- Eu vi você na janela nesses dias todos... eu não quero ser rude, mas é que...
- O que?
- A sua tristeza, Valkíria... sua tristeza me incomoda, me desculpe. Por favor, tem certeza que não posso fazer nada?
- Não, Chico, não pode... desculpe, eu sei que você só quer ajudar, mas é que... não posso te contar.
- Por que não, Valkíria?
- Porque tenho vergonha...

E ela correu para dentro da casa, com as cartas que eu tinha entregue. Eu fiquei a imaginar o que seria, o que envergonhava tanto assim a pobre moça?

No dia seguinte, como sempre, eu fui até o portão, entregar as cartas. E eu, besta que sou, pensei que a Valkíria iria se abrir comigo. Foi quando ela me enganou de vez! Mas enfim, a Valkíria estava no portão me esperando para pegar as cartas e me fez um sinal para eu me aproximar.

- Chico...
- Sim, Valkíria, o que foi?
- Eu não deveria estar falando com você... mas é que ás vezes é difícil guardar isso para mim...
- Fale, querida (foi a primeira vez que eu, idiota que sou, chamei ela de querida...), desabafa, estou aqui para isso.
- É meu pai..
- Seu pai?

Então pensei numa coisa estranha: eu nunca tinha visto o pai dela, nem sabia que ela tinha um pai... aliais, eu nunca tinha visto ninguém naquela casa além dela. Mas alguém deveria ser dono daquela mansão isolada e distante do centro da pequena cidadezinha onde eu vivia. Ela não tinha cara de ser dona do local, muito menos de trabalhar para mantê-lo. Mas eu nunca tinha pensado nisso, obcecado pela moça e sua triste beleza, que me cativara tão profundamente...

- Seu pai... sim, todo mundo tem um pai, então você deve ter um também... mas o que tem ele?
- O meu pai... ele não me deixa sair dessa mansão, Chico. Ele não me deixa falar com nenhum homem, ele espanta todos os homens que tentam se aproximar de mim, e ele me bate...

Eu ouvia, ela falava de um jeito tão triste e tão sincero... e eu era tão bobo... ouvia chocado e impressionado o que a pobre moça me contava...

- É tão triste, Chico... e tão humilhante...
- Valkíria...
- Eu tenho medo dele descobrir que converso com você, Chico. Por isso eu ás vezes te evito...
- Valkíria, meu amor... ele te machuca, ele te deixa ferida?
- Não, Chico, ele não me fere com gravidade... não fale disso, são muito vergonhosas para mim essas lembranças...
- Sim, imagino... pensar no seu rosto tão lindo, machucado...

A Valkíria pôs as mãos nos olhos, envergonhada, e disse para mim:

- Não, Chico, é isso o mais humilhante, não é no rosto que meu pai me bate...

Disse, e saiu correndo para dentro da casa.

Eu fiquei chocado e ao mesmo tempo fascinado com o que ouvira. “Será que eu entendi bem?”, eu pensava. “Será que essa moça tão meiga, tão fina e já adulta, será que ela ainda apanha no bumbum? Será que foi isso mesmo que a Valkíria quis dizer quando disse que não apanha no rosto e por isso é tão humilhante? Será que o pai dela é um tirano tão rude ou tão louco assim?”

Pensava, e segui meu caminho perdido com esses pensamentos. Eu tive por vários dias a visão da Valkíria com a saia levantada e as calçolas abaixadas, deitada no colo de um velho grande, forte e rude, como eu imaginava o pai dela, que lhe dava palmadas e mais palmadas... e a pobre moça, chorando um pouco de dor mas muito mais de vergonha. Coitadinha, eu pensava... eu era um bobão.

Nos outros dias, eu não vi a Valkíria no portão. Eu a vi uma vez na janela, e fiquei a observá-la. Mas quando ela me viu, ela cobriu o rosto com as mãos e se afastou, envergonhada. Ela devia saber que eu pensava nas palmadas que seu pai dava no bumbum dela.

Um dia, eu estava me preparando para entregar as cartas quando bateram à minha porta. Era um senhor de cabelos brancos mas ainda digno e saudável, que hoje é o meu melhor amigo. Ou melhor, meu único amigo. Mas naquele tempo era um desconhecido que me provocava antipatia, pois eu logo imaginei que deveria ser o homem que surrava o bumbum da minha amada.

- Bom dia, senhor...
- Bom dia. Sou o pai da Valkíria. Eu vi que ela anda conversando com você. Pois eu digo que é melhor você não dá mais atenção à ela. Evite minha filha. Não fale com ela. Sequer olhe para ela. Se topar com ela no portão, ignore-a. Ela não deve falar nem com você nem com homem nenhum. Eu gostaria de poder explicar tudo, mas você não acreditaria. O que posso fazer é te alertar e tentar impedir que ela continue a tentar te seduzir.

Eu não entendia a situação. Tudo aquilo era muito confuso para mim. Então, esse homem era o carrasco da minha amada, que não admitia que nenhum homem se aproximasse dela? Pensar nisso me deu coragem para dizer:

- Desculpe, caro senhor, mas é verdade que você bate nela?

Eu não tive ainda coragem de perguntar se era mesmo no bumbum que Valkíria apanhava do próprio pai, embora não pudesse deixar de pensar naquele senhor com a Valkíria deitada de bruços no colo dele, com o bumbum despido, levando palmadas humilhantes e dolorosas.

Ele suspirou e balançou a cabeça antes de responder.

- Você acha que eu sou o monstro e ela é a coitadinha nessa história, não acha? Pois está enganado. Você não sabe de nada. Se afaste dela, eu te digo. Será pior para você se não seguir meus conselhos.

E ele se foi, me deixando ainda mais confuso. O pai da Valkíria não parecia ser ciumento, mas o que ele me disse não tinha sentido para mim. Seria ele um louco? Ou talvez a louca fosse a Valkíria? Ou eu, quem sabe?

Fosse como fosse, eu ainda tinha que trabalhar, e fui entregar as cartas na mansão que ficava afastada da cidadezinha onde eu morava, a mansão sinistra onde Valkíria era uma prisioneira humilhada pelo próprio pai. Eu a encontrei no portão, e vi que ela tinha chorado. Eu me apaixonei ainda mais, o que eu não imaginava ser possível.

- Chico, oh chico...
- Valkíria...
- Meu pai me bateu de novo, Chico, por sua causa. E eu chorei de vergonha, chorei até agora.

A Valkíria cobriu o bumbum com as mãos e se acariciou por cima da saia, o que confirmou o que eu imaginava, que ela ainda levava palmadas do pai. Me senti comovido, revoltado e ao mesmo tempo excitado, obcecado pelo bumbum vermelho dela, como um louco apaixonado.

- Chico, eu não posso mais suportar isso. Por favor, me ajude a fugir daqui. Isso é muito humilhante e doloroso. Meu pai não me deixa viver, eu quero viver. Quero levar uma vida de moça normal. Por favor, Chico, me ajude a sair daqui.
- Claro, Valkíria, claro, hoje eu vou tentar entrar aí e tirar você.
- Chico, venha de noite, o papai não te verá se você vier a noite.
- Sim, querida, sim, eu virei de noite. Virei com uma pá e cavarei um buraco para você passar.
- Chico, traga duas pás, assim eu cavo por dentro e você por fora, e será mais rápido.
- Sim, querida, farei isso.

E lá estava eu, de noite, como idiota, cavando um buraco debaixo da cerca da casa da Valkíria. Ela, cavando por dentro, tirava mais terra do que eu, como se fosse duas vezes mais forte, mas eu não percebi isso na ocasião, obcecado que estava em tirar o máximo de terra possível. Quando terminamos, ela se arratou pelo buraco, saindo assim da casa do pai dela, e ainda suja de terra me abraçou e me beijou. Eu me sentia um cavalheiro que tinha acabado de salvar uma donzela.

- Chico, você é maravilhoso!
- Valkíria, eu te amo. Te amo...
- Vamos sair daqui, querido, meu pai não pode nos achar.
- Tem razão, vamos correr.

E corremos para longe. Eu ainda não sabia para onde levaria minha amada. E ela correu na minha frente. Corremos de mãos dadas até um bosque, onde paramos para tomar folego. Mas Valkíria não parecia estar cansada.

- Será que meu pai nos achará aqui, Chico?
- Por enquanto não, mas ele sabe onde moro, deverá ir até minha casa. Vamos pensar em um lugar para você ficar, até podermos morar juntos...
- Mas por enquanto estamos sossegados aqui?
- Sim, por enquanto....
- Oh, Chico!

E Valkíria me abraçou, depois me beijou... depois, ela começou a lamber meu rosto, e meu pescoço... aquilo me agradava até que senti uma mordida.

- Ai, Valkíria, o que é...

Mas ela, a maldita, não me respondeu. Mordeu com mais força, e com tanta força apertou meu pescoço com os dentes que não tive voz para gritar. Quando ela parou, olhou para mim, e eu vi, apavorado, que sua boca estava suja com meu sangue, seu sorriso cínico mostrava longos caninos, e ela olhava para mim com gula e maldade. Foi a última coisa que eu vi vivo, pois logo ela enfiou novamente os dentes em meu pescoço e eu desmaiei, e depois morri.

Eu morri, mas não permaneci inconsciente por muito tempo. Logo acordei na casa do pai da Valkíria, que olhava para mim com tristeza.

- Eu bem que te avisei... não pode me acusar de não ter tentado te avisar.
- Você... o pai da Valkíria...
- Sim, essa é a minha sina.

Por dentro, a mansão do pai da Valkíria é ainda mais sinistra. Bela, bem decorada, com belos quadros, mas tudo em tons escuros... era de noite, e estávamos à luz de velas.

- Amanhã, de manhã... eu... voltarei para minha casa...
- Não, você ainda ficará por aqui pelo menos por uns dias. Você precisa se fortalecer. Aí, poderá sair pelo mundo, atrás de um lugar onde possa ficar em paz. Não se preocupe, isso é mais fácil do que você talvez pense. Mas o fato é que nessa cidadezinha você não poderá ficar. Esqueça os seus conhecidos, você não os verá mais.

Aos poucos, eu voltei a ter noção de mim e de onde eu estava, mas ainda não entendi o que tinha me acontecido. Me lembrei das mordidas da Valkíria, pedi um espelho ao pai dela pois queria ver o quanto meu pescoço estava machucado.

- Você não vai gostar do que verá no espelho, Chico. Esse é seu nome, não é?
- Meu pescoço está tão mal assim?
- Não, ele já cicatrizou. Estava muito feio há meia hora atrás, mas agora está normal, ninguém percebe. Mas isso você também descobrirá por si mesmo.
- Quero um espelho.
- Bem, eu te darei... mas lembre-se de que foi avisado.

E ele me mostrou um espelho na sala. Eu via refletindo nele toda a sala, mas não me via. O pai da Valkíria andou até o meu lado e apareceu no espelho, e eu o via no espelho mas não me via.

- Como é isso, eu não me vejo no espelho?
- Não, e também deve evitar o dia. Você sabe, a Valkíria só o via no portão porque lá no portão uma grande arvore faz sombra e a protege do sol. Mesmo assim, ela fica fraca durante o dia, como todos os vampiros quando não estão dormindo. Tanto que pediu para você aparecer a noite.
- O que você quer dizer com tudo isso? Que loucura é essa?
- Meu Deus, você demora mesmo para entender as coisas, hein Chico. A minha filha é uma vampira e ela te transformou em um vampiro. Eu tentei te avisar. Mas não podia dizer que a Valkíria queria te seduzir para sugar seu sangue, você não acreditaria. Bom, agora é tarde.

Eu ouvia, mas não acreditava. Mas então, senti vontade de beber sangue, lambi meus dentes e, apavorado, senti que tinha dois grandes caninos, pontiagudos a afiados, como se eu fosse um feroz animal. O pai da Valkíria parecia estar lendo meu pensamento, pois ele disse:

- Logo mais te trarei sangue de vaca. Aqui na minha casa você pode contar com sangue de animais para se nutrir. Eu crio cavalos, gado, porcos, galinhas e cachorros. Minhas filhas não precisam de sangue humano. Mas elas são más e preferem sangue humano.
- Filhas?
- Tenho sete filhas. Todas são vampiras. Eu fiz um pacto e me tornei feiticeiro poderoso, mas tive que pagar um preço: eu e minha mulher concordamos em reencanar sete maus espíritos que se tornaram vampiras. Tenho tentado proteger inocentes como você, mas isso é difícil. Me tornei criador de animais por causa delas, sabe? Mas elas acham o sangue humano mais saboroso...
- Onde está Valkíria?
- Você quer vê-la? Eu vou chamá-la. Mesmo porque eu ainda não a castiguei pelo que ela fez com você.

Ele chamou Valkíria, que apareceu, andando devagar, empinada, provocante... bem diferente da donzela frágil que me provocou tanta pena no portão.

Quando ela me viu, sorriu.

- Você era mais belo vivo, Chico. Agora, pálido desse jeito, parece um cadáver... sim, agora você é um. Mas não precisa parecer.
- Valkíria, você sabe o que vou fazer com você, não sabe? - disse o pai dela.
- Eu sei, pai. Mais uma das suas ridículas surras de palmadas no meu bumbum.
- Ainda bem que sabe, o Chico verá, ele tem muita raiva de você... e pelo jeito não é só uma raiva que se resolve com palmadas no bumbum, essa raiva do Chico.

De fato, eu já odiava Valkíria. Ainda não tinha vivido uma vida de vampiro, com tudo de ruim que tem uma vida de vampiro, mas já odiava Valkíria, no mínimo porque ela me fizera de tolo.

De repente, o pai da Valkíria me perguntou:

- Você não gostaria de dar na Valkíria a surra no bumbum que ela merece, Chico?
- A Valkíria merece 1000 surras de muitas palmadas no bumbum!
- Certo. Hoje, você dará uma. Depois, quando não tiver nada melhor para fazer e tiver tempo livre, as outras 999...
- Você fala sério?
- Você terá a eternidade para descobrir, vampiro Chico.

Como eu ainda me mostrasse surpreso, o pai da Valkíria disse mais:

- Chico, não se preocupe. Sua vida de vampiro será muito ruim. Você ainda terá raiva da Valkíria por muitos anos. Prefiro que possa descarregar essa raiva dando umas palmadas nela de vez em quando. Não se preocupe. Você terá toda eternidade para isso.

E então olhei para Valkíria, pensando nas palmadas que daria nela, já que tinha a permissão de seu pai. Nem sombra da donzela frágil que tanto tinha me comovido e me encantado no portão de sua mansão, Valkíria agora sorria cínica para mim.

- Valkíria, não há nada que você queira me dizer agora?
- Há, sim, Chico. O seu sangue era delicioso. Eu me fartei dele. Bebi todo. Todinho...

Eu pulei nela, e comecei a lhe bater no bumbum. Com fortes palmadas no bumbum. A maldita vampira, como eu a odiei naquele momento.

O que me deu muita vontade de surrar o traseiro da vampira foi ver que ela sequer tinha consideração pela paixão que senti por ela. Para Valkíria, foi apenas um jogo, ou menos que um jogo, o prazer de roubar o sangue de um ser humano. Mas para mim, seria uma dor que duraria toda eternidade.

Por isso, bati forte, sem dó.

Eu nem mesmo cumpri o ritual que se costuma fazer nesses casos, levantar a saia e abaixar as calçolas da moça que deve ser castigada: rasguei o tecido com as mãos, com uma força que eu atribui a fúria que me possuiu, mas depois eu soube que era da natureza dos vampiros, somos duas ou três vezes mais fortes que um homem normal.

Mas enfim, eu rasguei a saia e as calçolas dela, e a deitei de bruços, com o bumbum de fora, no meu colo. Era um belo bumbum, redondo, liso, e grande. Quando ela aparecia no portão, mesmo com uma grande saia, eu podia ver como o bumbum dela era grande e redondo. Mas eu nunca poderia imaginar como seria belo o bumbum dela, despido. Hoje, tendo encontrado tantas mulheres e moças em minha vida de vampiro, eu posso dizer que ainda não encontrei bumbum mais bonito que o da Valkíria. Igual, há muitos. Melhor, não.

Eu posso dizer ainda que ajudei o bumbum da Valkíria a ficar ainda mais bonito, pois logo comecei a dar fortes palmadas que deixaram aquele bumbum vermelho, bem vermelho. Será por causa das palmadas que o bumbum dela não pegava celulite? Dizem que muitas surras ajudam a deixar um traseiro bem feito, redondo e bonito. Bem, eu sei que a Valkíria apanhou e ainda apanha muito do pai, de mim e de outros vampiros, porque eu não sou a única vítima de suas artimanhas. Devem ter sido as palmadas que fizeram o bumbum da Valkíria um bumbum bem bonito. Eu tenho curiosidade de saber se os bumbuns das irmãs dela também são belos. Devem ser, porque todas as sete vampiras apanham muito no traseiro, pelo que sei.

Foi a primeira surra que dei no bumbum da Valkíria, e devo ter sido um pouco desajeitado. Mas bati forte, com vontade. Eu queria minha justa vingança. Aquela vampira não merecia viver. Eu só não fazia coisa pior do que umas palmadas porque o pai dela só me deu permissão para isso. Mas eu aproveitei bem a permissão do pai, isso aproveitei. E bati, bati, bati...

Ainda me lembro da cena, a primeira surra é sempre inesquecível. Cada golpe meu com a mão deixava o contorno dos cinco dedos, bem vermelho, naquele traseiro branco. Mesmo quando toda o bumbum da Valkíria se avermelhou, mesmo assim, minhas palmadas deixavam as marcas dos meus dedos naquelas duas massas redondas de carne lisa e bem distribuída que era o bumbum da Valkíria. E bati, e bati.

No começo, ela parecia desdenhar minhas palmadas, manteve um sorriso cínico apesar da dor por alguns minutos. Mas depois, seu rosto frio e entediado começou a fazer caretas de dor, caretas que se tornavam cada vez mais frequentes... não foi uma surra breve, eu estava com raiva, e mesmo com ódio, e queria ter certeza que bateria o máximo que poderia bater naquele bumbum redondo e liso. Quem sabe quando eu teria outra chance? Queria ter certeza que aproveitaria bem a ocasião, e deixaria a maldita vampira sem poder sentar direito por vários dias ou até semanas.

Quando acabei, eu deixei a Valkíria se levantar do meu colo. A surra foi tão forte que ela demorou ainda por um momento, pois certamente doía em seu traseiro quando ela mexia as pernas. Foi quando senti minha mão dormente. A fúria tinha me servido como estimulante mas também como um narcótico, de forma que enquanto bati nela eu não tinha percebido as câimbras em minha mão. Mas agora, aliviado pelo menos temporariamente do meu imenso ódio, eu senti que precisava massagear meu braço, meu pulso e minha mão, o que fiz, enquanto contemplava Valkíria, que olhava para mim com imenso ódio reprimido, mas tentando mostrar superioridade.

Ela me encarou por uns minutos, senti grande ódio em seu olhar. Pareceu que ela iria falar e achei que provavelmente diria algo desdenhoso, que pudesse me provocar... mas ela ou não pensou em nada ou pensou, mas teve medo de apanhar mais e guardou para ela. Então, se virou e foi para seu quarto. Ela ainda estava com o bumbum de fora, e eu pude ver totalmente o resultado das minhas palmadas: ele estava totalmente vermelho e inchado, as marcas do meus dedos se confundiam com vários hematomas. Sim, Valkíria teria dificuldade para se sentar sem uma almofada pra proteger seu bumbum por vários dias.

O pai dela me ofereceu um óleo para massagear meu braço e minha mão. Era um bom óleo refrescante, e eu realmente precisava. Depois, discutimos alguns assuntos relevantes. Eu estava morto, como estou até hoje, enquanto escrevo essas linhas, e era preciso que meu corpo fosse encontrado. Como vampiro, eu não poderia ter uma existência normal e minha família e meus amigos precisavam saber que eu morri, pelo menos para não perderem tempo nem correrem riscos me procurando. Eu eu e o pai da Valkíria fizemos com que encontrassem meu corpo morto na estrada, como se tivesse sido atacado por um animal, o que acontecia com frequência naquela cidadezinha besta onde eu morava. Meu enterro não atraiu muita gente, eu era um moço tímido e não tinha muitos amigos, e minha família também não era muito grande. Depois, eu fui correr o mundo. O pai da Valkíria tinha razão, arrumar um lugar onde eu pudesse ficar em paz foi mais fácil do que pensei. Hoje, eu vivo incógnito, numa casa abandonada perto de Curitiba. A qualquer hora, alguém vai demolir essa casa. Mas isso ainda deve demorar um bom tempo, e já tenho outro lugar preparado para quando eu precisar sair. Vocês já devem ter ouvido falar do Vampiro de Curitiba, não? Na verdade, são quatro vampiros, e eu sou um deles. Quando não estamos caçando mocinhas curitibanas, passamos o tempo jogando baralho.

Como o pai da Valkíria disse, é uma existência miserável e tediosa. Eu posso andar na rua durante o dia, mas tenho que evitar a luz do sol diretamente sobre mim. Por isso, dou preferência aos dias chuvosos e nublados, felizmente frequentes em Curitiba. Na estação seca, eu viajo para o exterior.

Eu perdi o paladar quase que completamente: não sinto o gosto da carne, nem das massas, nem das frutas, nem de nada, a não ser o do sangue. O sangue humano é o mais saboroso, e o sangue das virgens é o mais saboroso de todos, mas o sangue dos animais também serve.

Não tenho prazer no ato sexual. Nós, vampiros, podemos dar prazer as mulheres de várias formas, e usamos essa habilidade para atrair moças inocentes e beber seu sangue, mas nós mesmo não temos prazer. Isso é lastimável.

Devo dizer que eu mesmo não gosto de seduzir moças para beber o sangue delas. Só fiz isso cinco vezes em mais de quatrocentos anos de vida de vampiro, e em todas essas vezes as moças estavam doentes, portanto condenadas a morrer de qualquer forma. Eu contei a elas que poderiam existir na terra por mais algum tempo, mas que teriam que virar vampiras e teriam uma existência muito limitada pelas fraquezas dos vampiros. Elas entenderam a situação muito bem, e aceitaram. Mesmo assim, todas ficaram com raiva de mim quando viram o que era a vida de uma vampira que só pode ter prazer sugando sangue dos outros até matá-los. Duas superaram esse sentimento e se tornaram minhas amigas. Sem muitas intimidades, é verdade, mas amigas. Mas as outras não querem falar comigo até hoje.

Quatrocentos anos.... sou vampiro há quatrocentos anos... eu disse que o único prazer de um vampiro é sugar o sangue de suas vítimas, humanos ou animais? Bem, eu errei. Temos alguns prazeres intelectuais também. Por exemplo, eu aprendi e me lembro bem de 80 línguas, o que me é muito útil, pois vivo viajando pelo mundo, tentando esconder minha condição de vampiro. Outro prazer intelectual que tenho é conversar com alguns amigos muito inteligentes e cultos, como por exemplo o pai da Valkíria. Nós nos encontramos algumas vezes, o velho feiticeiro é um homem muito culto de fato, e é um prazer conversar com ele.

Falando na Valkíria, outro prazer que tenho é dar palmadas no bumbum dela quando fico muito chateado com minha condição de vampiro. Ela não gosta, ela detesta apanhar no bumbum, inclusive porque eu não sou de bater pouco, pelo contrário, eu “pego pesado” nas palmadas, como dizem aqui no Brasil. Nesses quatrocentos anos eu surrei outros bumbuns, e isso me ajudou a aprimorar a técnica de surrar uma moça que merece palmadas. A Valkíria não pode fazer nada: eu tenho permissão do pai dela, o velho feiticeiro, e, por causa de um encanto do pai, a Valkíria se vê impotente para reagir quando eu a surro.

Eu ainda a odeio. Eu não merecia se tratado como ela me tratou, o meu amor era sincero. Se pelo menos ela mostrasse algum remorso! Mas não, ela só sente prazer quando se lembra do meu sangue que ela bebeu, o fluido vital que me garantia a vida... ela poderia ter me deixado um pouco para poder seguir vivendo. Mas ela sugou tudo, pois não queria perder a chance de se regalar com um delicioso sangue humano de um carteiro da roça.

Eu me lembro quando conheci um homem que era neto de uma moça que queria namorar comigo, naquele tempo. Um homem muito simpático, maravilhoso, que vinha de uma grande e feliz família. Eu poderia ter vivido a felicidade que o avó dele viveu. A moça teria se casado comigo, se Valkíria não tivesse me matado. Quando eu pensei nisso, meu ódio pela Valkíria surgiu de novo com toda força, como se fosse um vulcão voltando a atividade. E eu fui até a casa do velho feiticeiro, o pai da Valkíria, para matá-la. Mas o pai dela só me deu permissão de dar palmadas no bumbum dela de novo.

Nesses quatrocentos anos, eu dei palmadas na Valkíria umas 100 ou 150 vezes. Muito pouco, em troca do que ela me fez. É a minha opinião, e o pai dela concorda. Mas enfim, como um vampiro eu tenho toda eternidade para acertar contas com ela.